O que havia nos anos sessenta chegava com um cheiro a pólvora, com um fumo de terra queimada, e com muitos degraus para subir e descer, entre o círculo dos autocarros no fim da linha e as estátuas embrulhadas em névoa.
Nos anos setenta abriam-se ruas no meio
de páginas riscadas a lápis, o cais
tinha um resto de rio que não andava
para nenhum sítio, e de súbito as estradas abriram-se para onde tudo o que podia ser não ia acontecer.
Os anos oitenta ficaram presos a cadeado, e as chaves foram deitadas para o lixo, os vagabundos começaram a remexer os sacos à procura de qualquer coisa, mas o que acabou foi o que ainda agora está a começar.
Os anos noventa dão a volta ao quarteirão onde o fim não é o mesmo de onde saímos, e para a frente só há sombras que se começam a juntar na mesa que nunca há-de estar vazia, falando de coisas que ficaram por dizer por haver muito para contar.
E dou um laço com o fim do século
para fechar tudo o que ficou
por abrir.