Instituto Português do Livro
Maria Teresa Arsénio Nunes
António Alçada Baptista ingressou em 1978 na Secretaria de Estado da Cultura, onde presidiu aos trabalhos de criação do Instituto Português do Livro, que dirigiu entre 1980 e 1986 e de que ficaria como grande referência tutelar, tanto para os que com ele trabalharam como para o meio editorial e intelectual de então.

Informada por uma sólida erudição, movida mais por uma genuína inquietação e lucidez quanto às contradições da época do que por qualquer apelo de abstracção teórica ou projecto de saber livresco, deu à frente do IPL continuidade ao mesmo gosto de intervenção cultural e social e à mesma exigência de diálogo que tinham marcado, antes do 25 de Abril, os projectos associados à Moraes e a O Tempo e o Modo. Tal atitude prendia-se essencialmente com uma natural sensibilidade ao papel humano dos livros e ao valor poético das palavras no tecido do seu tempo. Procurou, pois, como Presidente do Instituto Português do Livro por diversas formas estimular a criação de hábitos de leitura em Portugal, fosse pelo desenvolvimento do que viria a ser a Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, fosse patrocinando a reedição dos clássicos da literatura portuguesa ou incentivando a elaboração de um Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, fosse mediante outras iniciativas de promoção da leitura e de apoio à edição e à difusão do autor português, tanto no país como no estrangeiro. Neste âmbito, empenhou-se particularmente no incremento das relações culturais com os países de língua oficial portuguesa, em especial com Cabo Verde, Moçambique e o Brasil.